The Quest Log

Meu companheiro de aventuras.

1/17/2009

Gostar x Achar bom

Vira e mexe, algum amigo ou conhecido me pergunta o que eu achei de algum filme que eu vi, livro que eu li, jogo que eu joguei, ou, na grande maioria das vezes, o que eu acho de algum cantor, banda, álbum ou coisa que o valha que eu tenha ouvido e a pessoa em questão não.

E eu respondo: "Você quer saber se é bom ou voce quer saber se você vai gostar?"

Eu aprendi a fazer essa perguntinha porque tenho amigos de todo o tipo, desde fãs de obras cult pouco conhecidas até consumidores ávidos de lixo pop, passando por artistas, nerds, pseudo-intelectuais, intelectuais de verdade e um contingente enorme de analfabetos funcionais que não sabe entender direito o que diabos o autor da obra está querendo dizer.

O resultado é que quando eu afirmo que eu gosto ou não gosto de uma obra, só falta o sujeito me bater por ter uma opinião supostamente errada. Ou o contrário: a pessoa vai ao show/cinema/peça/exposição só para depois me dizer que foi dinheiro jogado fora por não entender absolutamente nada de shows/filmes/peças/exposições/etc.

Eu gosto das coisas que gosto por uma série de razões pessoais. Algumas lógicas, tipo achar a construçao da narrativa dum livro bem feita, e outras sem lógica alguma - por exemplo, até hoje não sei a razão lógica pra eu detestar jiló ou achar que o Placebo faz juz ao nome e de fato nao tem gosto ou cheiro ou efeito algum.

Imagino que cada pessoa deva fazer algo mais ou menos parecido - mas pode ser que eu esteja redondamente enganado, afinal, eu não sou os outros.

Só que, pelo menos para mim, algo ser bom é diferente de algo que eu goste. Em geral, para eu afirmar a qualidade de alguma obra, eu só abro a boca com um mínimo de conhecimento de causa sobre o assunto. Se me perguntarem se eu acho o Piazolla bom, eu digo que sim, apontando uma série de razões que justifiquem o valor da obra do cara. Não que eu goste de tudo que ele faça. E não que eu pegue os albuns dele para ouvir direto no iPod em modo de repetição contínua.

Pelo menos pra mim, gostar não siginifica que eu ache bom - o que justifica um monte de bobagens que eu leio, vejo e ouço por pura diversão - e nem tudo que eu acho bom eu gosto.

Tento explicar se a obra é boa ou não com base no meu conhecimento de causa (e nem sempre dá, seja por falta de embasamento ou porque a obra é meio ambígua) e tento ajustar o minha crítica em função do ponto de vista do sujeito, que nada mais é do que tentar arriscar um palpite se o cara vai gostar ou não em função das coisas que ele já gosta. Por melhor que seja o grupo, não adianta tentar vender Swingle Singers para um sujeito que só escuta [insira aqui o rótulo de estilo musical de sua escolha]

Invariavelmente, acabo tendo uns diálogos muito surreais. Porque se o povo gosta é bom, e se é bom é porque o povo gosta. Não é?

1 Comments:

At 12:46, Blogger Unknown said...

Concordo plenamente com vc. Outro dia meu pai disse a mesma coisa q seu último parágrafo: "Meu conceito do q é bom é quando algo me agrada.".

Para mim é um conceito de leigos. Muita coisa q julgamos ser agradáveis, prazerosas e divertidas, nem sempre possuem qualidade no meio dela. O q estou levando em consideração é a técnica, estrutura (q pode ser considerado parte da técnica) o conceito e/ou estética (sendo q esta última acaba permeando todas as esferas, ainda mais levando-se em conta um assunto ligado às artes q lida justamente com as sensações). Por mais q sejam conceitos ainda por demais subjetivos, a qualidade de uma obra pode ser medida pelo quanto o autor se esforçou para q tais pontos e outros q julgue importantes, sejam postos em seu trabalho.

Mas nem sempre o q é considerdo de qualidade é do agrado da maioria. Muitos medem seu gosto pelo q consideram agradável ou divertido (ainda mais sendo as artes ligadas à esfera do entreterimento). Podemos ligar ao fato desde analfabetismo funcional como vc disse, o que faz com q muitas vezes prefiram algo simples mas ñ tendo muita quaidade a algo mais elaborado (mas nem sempre algo simples está vinculado a algo mal-feito e de baixa qualidade) ou por conta de querer algo por ser meramente divertido e relaxante, já q nem sempre relaxamento e diversão em nossa cultura está vinculado a algo de qualidade ou produtivo.

Eu mesma também curto muita coisa q considero agradável e divertida, mas sei de q ñ são necessariamente de qualidade. É apenas p aliviar acabeça, é boa como diversão, apesar de eu ter ciência de q muita destas coisas ñ necessariamente são de quaalidade.

 

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